quarta-feira, 29 de junho de 2011

Copy Paste(l) por Nuno Madureira

Sem querer soar parcial, sem querer ser neutra,, vou tentar ser o mais franca possível neste texto, que é meu dever e honra.
Quero expor vos um artista peculiar, daqueles que poucos vêm, mas muitos sentiram após conhecerem, a sua cor, a sua força, a sua descoberta.
Nuno Madureira, 24 anos, é um menino da linha que há três anos veio arrombar a cidade de Lisboa. Impaciente e ecléctico, sempre sentiu a necessidade de se expressar por mais que um meio, daí também ter estudado Comunicação Social, onde lhe foram dados instrumentos fundamentais ao mundo político, económico e social de hoje em dia. Discreto, mas nem por isso menos arrojado, o artista realizou o seu primeiro sonho, que até há tão pouco tempo, nem fazia parte dos seus must-do's.
Entre do's and don'ts, ele fez o que tinha a fazer com a maior veracidade possível e imaginável. Entre luzes e sombras, num cafézinho chamado Café Dias, no Alto de Santo Amaro em Lisboa, estão cerca de 12 quadros em A4, pastel, que remetem para as circunstâncias ao redor do artista.
Num primeiro instante, a cor toma conta de nós, provocando várias sensações tumultuosas nos nossos sentidos.
Como Paul Klee, expressionista, cubista, futurista e surrealista que foi em sua obra e vida, Madureira seguiu o mote da cor, da força das linhas vibrantes e sombrias, que demonstram a sua técnica ainda tenra que esta seja, nunca tão pura.
Rainer Maria Rilke escreveu sobre Klee em 1921: “Mesmo se você não me tivesse contado que ele toca violino, eu teria adivinhado isto em várias ocasiões em que seus desenhos eram transcrições da música.”.
Como também no artista, Nuno Madureira, revemos a força da música, e do movimento nos seus traços mais robustos na tela.
Persistente, e cheio de paixão pelo mundo da pintura, saímos da exposição mais preenchidos do que pode ser uma nova expressão da arte contemporânea na cidade de Lisboa.
Nunca esquecer, nunca, que nos momentos de maior crise social e política, crescem os artistas mais eufóricos, mais revoltados, mais tremendos.
Uma exposição a explorar aos olhos de cada um que entre no Café Dias, esperançosamente, num dia tão caloroso e luminoso como no dia da sua inauguração.
Hoje a paixão é pela pintura.
Sem arte, não somos nada!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Cinema Brasileiro #1

Há dias que tenho gasto horas e horas à procura de argumentos, de fotografia, de cheiros de cinema sul americano.
Em tanta pesquisa acabei por tropeçar em longas, curtas, experiências fotográficas e até mesmo teatrais.
Por conhecer brasileiros, por ter viajado várias vezes ao Brasil, por ter familiares africanos que se apaixonam pela literatura e ficção brasileiros há muitos anos, sempre senti a queda do calor, da emoção, da franqueza na tela, na fotografia, na cor, na paixão.
Não me contentando com a pesquisa, tive de continuar, e tropecei em realidades ficcionais que me trouxeram a essência do cinema, da arte de representar, de transmitir com um olhar a sede de mil homens.. tudo isto num povo tão fascinante como o povo brasileiro.
Em debate com amigos, parece residir uma concordância, na decadência e repetição do cinema americano, onde os clichés, as piadas, o redundante, ficaram todos num espaço comum, pop, fraco na mais pura essência da sétima arte.
Como espectadores exigentes, que somos aqui, na vida, na arte, na busca da beleza, da verdade, não conseguimos encontrar esse retrato no cinema português também.
Tentei por vezes correlacionar a ficção portuguesa com a brasileira, e não há forma, nem costume, que os ligue.
Por mais de mil razões, o povo brasileiro, por não sentir o peso e a responsabilidade europeias, parecem possuir um controle emocional mais amplo, mais diverso, mais resolvido. Conseguem por gestos e segundos, sem grandes luzes, maquilhagens ou aparatos, demonstrar de que se resume a vida: de sentimentos.
Não há nada mais do que isso, que possamos demonstrar em frente a uma câmera, a um director de cinema, arte e fotografia. O que queremos, não é o sucesso, queremos sim a libertação de todas as nossas taras e iras no ecrã, através do corpo, do riso, do choro, do canto, do pranto...
Acredito, que um povo assim poderá reunir um vasto leque de problemas sociais, económicos, políticos, entre outros. Mas que com isso adquiriram indubitavelmente a arte de se expressar, de se expor, de mostrar o valor, que a nossa língua, que o ser humano, têm.
A paixão de hoje é pelo cinema. Sem cinema, não há nada!