sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Melancolia

Após meses retorno, ao que penso ser o meu esconderijo tão pouco regrado.
Parece-me que depois da tua ausência, voaram-me as palavras, desordenaram-se os meus pensamentos, sentimentos, talentos.
Procurei tantas vezes, em pensamento, escrever tudo o que estava no meu peito, mas a idade não mo permitiu acertadamente. Ainda há coisas, que não domino. Ainda há tantas coisas, que me atordoam o coração, a razão.
Às vezes, fico a reflectir tantas vezes sobre as coisas que vou ganhar e perder nesta vida, que perco a noção do tempo, a noção de espaço e da realidade.
Procuro sempre ter os pés no chão, embora o meu signo me eleve a um estado entre o sono e o sonho, inebriante e suave ao mesmo tempo.
Há dias porém, que procuro esquecer que te conheci, que te abracei e te beijei, que te contei histórias que só tu sabes, e que partilhei palavras e sentimentos, que só tu entendes, e que com a tua ausência, se foram essas histórias, esses momentos, esses passa(tempos).
Encho-me de fúrias contra o mundo, e quero que exista toda outra lógica e sequência nas causas e acontecimentos que fazem girar o mundo, a razão, a nossa existência.
Quero te tanto ter aqui, que abdicava dos meus vícios, hábitos, teimosias, fantasias... Mas o tempo não volta atrás e fere que sonha por vezes. Há que lembrar apenas o que uniu, e esquecer as nossas divergências, que por vezes eram tantas, que desejava que nem estivesses aqui. E agora, quando penso que tais coisas me passaram pela cabeça, fico sem rumo, e aprendo através da perda, a vida. O significado, desta vida que é nossa, e que ninguém nos tira.
Queria que esta melancolia, desaparecesse num instante, e te tivesse perto de mim, com essas mãos tão suaves e cheirosas, após longos anos de trabalho e de vida.
Não quero mais pensar, mas por vezes sinto que me faz bem relembrar-te, homenagear-te, acariciar-te com palavras tão puras e duras, quanto o meu coração imaturo.