sexta-feira, 20 de abril de 2012


Passaram 7 meses desde que cheguei a Londres. 
23 aninhos acabadinhos de fazer, com o verão alentejano sobre a minha pele e os meus olhos,  e sem certezas. 
No primeiro dia, tive o privilegio em dar uma volta de bicicleta por Victoria Embankment ate St Pauls, enfim, passeio de sonho para quem aterrou. 
Não sei como as coisas se adaptam tão facilmente ao dia a dia, e ate por vezes, volto a sentir aquele medo no estômago de gostar demais de viver noutra cidade que não Lisboa. 
Parte de mim sente que estou a trair a minha cidade, o meu primeiro amor. Mas a forca do tempo, e da maturidade, mostra-me como se pode aprender a ser feliz noutra cidade, com outros costumes, e outras pessoas. 
Cada vez que conheço alguém, que chegou, ou que esta prestes a partir, noto que ninguém fica indiferente a esta cidade. Talvez seja a musica, a postura trendy e posh dos ingleses, que por vezes em simples gestos tem tão bom gosto. 
Acredito ser dos poucos, que sabem tão bem criar uma harmonia entre a cidade, a natureza, os negócios e os mais variados mercados, que após 7 meses ainda me surpreendem. E tão bom ter a oportunidade de conhecer um lugar, como o lugar onde se nasceu. Algo dentro de nos cresce, e acrescenta vida a nossa existência. 
Como e bom existir, e poder fazer parte de ambiente efervescentes. 
Lisboa tem o seu ambiente, a sua cor e cheiro. Tem meios efervescentes, mas que poucos tem acesso. De certa forma e uma mística que a cidade tem, e no entanto, fica tao pouco por descobrir, e tantos que não dão valor por não conhecerem a versatilidade e potencial dessa cidade e desse pais...
Apos 7 meses, dos quais morro de saudades da cidade da minha vida, sei muitas mais coisas que sabia antes. E fiz tantas outras das quais me orgulho, devagarinho, e silenciosamente vou procurando o meu lugar neste mundinho. 
Tantas coisas boas que eu atraio contra as incertezas do universo, e das pessoas. Mal acredito que estas coisas acontecem, e todos os dias quero ser humilde, e gentil, e amável com quem merece. 
Quero gastar tempo nas coisas que me fazem feliz, e nas pessoas que valem a pena. 
Esta cidade tem qualquer coisa, e as vezes parece impossível sair daqui, pois ha tanto por fazer e descobrir que enfim.. perco me em cenários, e musica, e momentos. 
Se a juventude pudesse durar uma vida inteira, eu seria a pessoa mais feliz do mundo. Mas na ausência de tudo isso, haverá sempre o fado, e os santos populares, que me aguardam em Junho em Lisboa. 


domingo, 15 de abril de 2012

Fado da Loucura


Sou do fado
Como sei
Vivo um poema cantado
De um fado que eu inventei
A falar
Não posso dar-me
Mas ponho a alma a cantar
E as almas sabem escutar-me

Chorai, chorai
Poetas do meu país
Troncos da mesma raíz
Da vida que nos juntou
E se vocês
não estivessem a meu lado
Então não havia fado
Nem fadistas como eu sou

Esta voz
tão dolorida
É culpa de todos vós
Poetas da minha vida

É loucura,
ouço dizer
Mas bendita esta loucura
de cantar e de sofrer

Chorai, chorai
Poetas do meu país
Troncos da mesma raíz
Da vida que nos juntou
E se vocês
não estivessem a meu lado
Então não havia fado
Nem fadistas como eu sou