sábado, 20 de outubro de 2012

Felicidade.



Avó sinto a tua falta!
Todos os dias que me passas pelo pensamento, pelo coração, eu sinto que a vida é tão frágil que nem tu foste nos últimos anos da tua vida.
Ainda me lembro como se fosse hoje, quando me levas te a  mim e a Inês ao nosso primeiro dia de escola. Parecia que já tinhas o ritual todo pensado: as nossas roupas, os nossos cadernos, e os estojo de canetas. Ainda me lembro que a minha lancheira estava com um um bongo la dentro, que nem me lembro bem se foste tu ou a mãe que la puseram, mas sei que fez o meu dia ser completamente diferente.
Lembro me também da mochila encarnada que eu tinha, que a mãe e o pai tinham trazido de Paris, e não podia ter havido mais cor e mais luz num dia cheio de Felicidade.
Foram tantas a vezes que tiveste a maior paciência do mundo comigo, uma miúda hipercativa, que não sabia nada mais do que andar contigo para todo o lado. Foste a minha referencia tantas vezes, quando o pai e a mãe tinham que trabalhar para nos podermos ter tudo o que temos hoje...
Nunca me vou esquecer, a forma como respeitas te todas as minhas brincadeiras, e desejos desde pequenina, com tanta paz e paciência, que ainda hoje mais velha me parecem tão longe essas características...
O elefante, o carreirinho com as formigas, a vez que me salvas-te de um cobra atrevida.
Aprendi a andar quilómetros contigo, pois tínhamos que ajudar tantas pessoas, e primos, e amigos sem nunca podermos desenlaçar as nossas mãos.
Lembro também de um dia andar tão preocupada com um trabalho para a disciplina, que tinha como trabalho final construir um herbanário com flores que desconhecia os nomes e cheiros na altura.
Ajudas te me a pensar, e um dia demos um passeio lindo pela Quinta dos Ingleses da altura, onde encontramos milhares de amores perfeitos como eu nunca tinha visto antes. Sempre que vejo amores perfeitos, penso que estas comigo Felicidade. Sempre.
Não quero nunca viver num mundo sem amores perfeitos, e sem o cheiro de eucalipto que tantas vezes apanhas-te para eu poder descansar das minhas crises de asma...
Perco-me entre tantas outras memorias que eu tenho para sempre comigo, e que não importa onde eu estiver, eu reconheço todas as coisas que fizeste por mim, pelo pai mãe e mano, pela nossa família.
Os aniversários no 25 de Abril, são ainda hoje das melhores lembranças da minha infância. E não sei quem foi o idiota que deixou desaparecer tantas coisas boas que só tu soubeste juntar com tanta ternura e carinho, deixando para trás todos as magoas e desilusões e desavenças da vida.
Felicidade minha, nossa, quero que oiças bem onde estiveres, que me fazes uma falta tremenda.
As vezes sei que não demonstro tudo na altura certa, mas nunca e tarde para te dizer o quanto gosto de ti, e o quanto eu espero fazer te orgulhosa de mim em todos os aspectos da minha vida.
E adoro saber que o teu nome Felicidade, estará tantas vezes presente na minha vida. Para alem de lhe dar uso, nunca vou esquecer o que ele realmente significa para mim.
Com este texto vai aquele abraço que não conseguiu chegar a Moçambique, e o beijo que só uma neta sortuda como eu to sabe oferecer.
Como sempre, como dantes, vou caminhar em Londres e pensar em ti minha querida Felicidade. No desejo ou fantasia em sentir que estas sempre comigo.

Ate sempre,

Catarina