Um dos percursos terminou, e pensava eu que fosse o mais difícil.
Engano-me quando penso que foi o mais difícil, pois virão forças exteriores muito mais agressivas que esta, e me dirão mil vezes que não posso, que não devo, que não tenho idade, que não tenho tempo.
Parece-me por vezes que com apenas 22 anos, já não tenho tempo para viver, para descobrir, para sonhar. Não é que seja ingrata, ou que tenha cordas nos meus pulsos, mas sinto chegar à distância, um ruir de problemas, de obstáculos, de percalços instáveis.
Instabilidade: para mim sinónimo de insegurança, de falta de dinheiro, falta de bases amorosas, falta de certezas, de rédeas.
Como tudo pode ser sarcasticamente irónico!
No pano de fundo da vida resto-nos apenas imaginar o nosso futuro, e que a tela do nosso percurso seja colorida o suficiente, para que após termos partido, possa ser vista por gerações e gerações na família, nos amigos, na arte individual de cada um.
O percurso de cada um, na minha perspectiva, é medido pela honestidade a franqueza dos seus actos. E cada um pode ser o que quiser, e fazer o que quiser, desde que procure a verdade e a sensatez nas palavras, nos gestos, nas intenções.
Tudo o resto são cinzas, que fertilizam a terra que será a base dos nossos filhos e netos.
O sentido não existe se perseguido, acontece.
A paixão do dia de hoje é discreta, e no entanto nada menos subtil que um raio de sol, num dia de vento.