quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Slides à luz da lua

Hoje o dia correu bem. Estudos a andar de acordo com o previsto. Nível de interesse, surpreendentemente elevado. Boa disposição comigo, com os outros. Conversa saudável com a mãe e manas. Tudo aparentemente a seguir o seu rumo. 
Quando entretanto me ocorreu, que estou a seguir a vida dos meus queridos através de fotografias, e vozes por entre meios electrónicos e tão pouco pessoais. Mas que ajudam tanto a esconder a ausência da genuinidade das pessoas que tenho apreço. 
Hoje pensei, que se a minha vida for uma vida pelo mundo, que a única forma de estar presente, é manter a memória bem viva, e criar os melhores momentos no pouco tempo que a vida me proporcionar com os que mais bem quero. 
A música sempre me ajudou incondicionalmente, de formas que poucos entendem inteiramente. As corridas pelo bairro onde vivo, a ouvir música electrónica alemã, belga, portuguesa, ajudam na corrida contra o tempo e a distância. 
Às vezes não sei porque é que a vida através de imagens será tão má assim... Antes escreviam-se cartas escritas à mão, com fotografias verdadeiras (não havia cá impressos) e às vezes até cartas perfumadas, ou cd's gravados com dedicatórias. 
Não posso reclamar desta era. Acho maravilhoso poder andar na rua enquanto neva, e falar no Skype com a minha mãe, e através da imagem, quase que fazê-la sentir a neve cair por entre os seus dedos. 
Adoro poder falar com quem se lembra de mim, e com quem faz questão que a distância não seja um motivo de desconexão. 
Preferia tantas vezes no entanto, que já tivessem inventado um aparelho que nos transportasse de um momento para o outro, para perto daqueles que mais precisamos. Mas se assim fosse, ninguém dava valor a ninguém, talvez. E se assim fosse, os esforços que as pessoas fazem para se ligarem não seriam especiais. Seriam tão recorrentes como acordar de manhã e lavar os dentes, ou escovar o cabelo. Mas nada disto importa, porque ainda não apareceu um geniozinho que solvesse o problema. 
O que quero dizer, é que sinto falta de quem sente a minha falta, por mais silenciosa a falta que possa ser. E que por meios electrónicos, ou espirituais, espero poder transmitir a força que todos vocês me transmitem à distância, por entre esta melancolia que por vezes me cerca. 
E quando der por mim, um dia, vou sentir falta de estar aqui a fazer o que estou a fazer, e sentir falta de sentir a vossa falta. E espero que aí, tenha valido bem a pena, não ver o pôr do sol na marginal, ir jantar com o avô as 19:30, ir passear a Lisboa com o pai, comer um bom peixinho com a mãe, fazer qualquer parvoeira com o meu irmão, ouvir Amy Winehouse com a minha prima Sofia, ou até mesmo dançar com os meus amigos na praia ao som da rádio oxigénio.
São os momentos que nos preenchem, mas é o dia-a-dia que nos constrói o carácter. Por isso meus queridos, desejo-vos o melhor neste percurso. E espero ver-vos bem na altura certa, com a mesma vontade de vos abraçar, que tenho neste momento. 

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