sábado, 4 de dezembro de 2010

José e Pílar

"Eu tenho ideias para romances, ela tem ideias para a vida", reflecte Saramago sobre a sua vida com Pilar.
Um homem uma mulher. Um português e uma espanhola. Um vida, uma história de amor e cumplicidade.

Miguel Gonçalves Mendes, o realizador deste documentário, é um homem com uma visão singular, que teve o privilégio de acompanhar parte do percurso de José Saramago e Pilár del Rio.
Antes de ver o filme, pensei cá para o meu eu irónico " isto deve ser uma bela merda de uma homenagem à morte de Saramago" e nunca me apercebi até após o visionamento, que foi sim uma homenagem, mas à vida e obras deste escritor inigualável, irreverente e humilde, e à sua mulher, de uma força insubstituível, Pilar.
Há dias falara com o meu pai acerca do filme, do homem, da escrita de José, e o meu pai dissera afincadamente como um homem de sua geração "Não gosto de Saramago. Nunca gostei da escrita, da sua personalidade e das barbaridades que dizia. Já sei que te apaixonas te pelo filme, mas não quero que um documentário me amoleça este pequeno desaforo que mantenho com Saramago" disse sorrindo.
Acredito que a maior parte dos portugueses partilhem desta opinião sem nunca sequer terem lido um livro de José Saramago, sem nunca terem seguido os seus artigos de opinião no Diário de Noticias, sem nunca terem lido as suas crónicas e folhas de pensamentos soltos no seu blog...
Sinto pena por todos vós, que através dessa indiferença, não souberam preservar em vida, o trabalho e empenho deste homem por um mundo segundo as suas causas, segundo as suas paixões:  a escrita, Pílar e Lanzarote.
Portugal devia sentir vergonha, por ter lidado mal com um dos seus heróis, reconhecido pelo mundo inteiro, e fortemente aclamado pelas suas obras.
Graças a Deus, a uma mulher como Pílar del Rio, estar perto de um senhor tão peculiar, e tão humano como Saramago. A sua cumplicidade, e a sua missão de nunca desistir contra tudo e todos, foi captada na perfeição no documentário de Miguel Gonçalves Mendes. Nunca eu, me tinha sentido tão perto de um artista tão sensível, tão vulnerável, e tão apaixonante, como através deste filme, que cá entre nós, é mais uma história de amor de um dos maiores escritores de língua portuguesa de todos os tempo. a nossa paixão de hoje, é pelo cinema. Ainda vão a tempo, de se apaixonar.

Sem comentários:

Enviar um comentário